Ode ao Justo Juiz
Ser juiz penal é desigualar o igualável ao modo de Ulpiano, é descer do trono vitalício, inamovível e de honrarias e tentar compreender as misérias humanas; Ser juiz penal é cumprir ditames divinos como separar o joio do trigo e ter a exata percepção que aquelas gramíneas venenosas muitas das vezes se disfarçam nestas vitais e sustentadoras; Ser juiz penal é se afastar das retóricas políticas e tendenciosas e ao seu próprio discernimento e alvitre aplicar o justo entendimento; Ser juiz penal é ser o esmeril da conduta humana e a lâmina afiada da altiva justiça, mas tão somente da justiça justa; Ser juiz penal é identificar-se muito mais com Zumbi o rei dos Palmares, com Che e suas aspirações revolucionárias e com Jesus no doloroso caminho da via-crúcis do que com as arbitrariedades dos senhores de engenhos, com as tropas bolivianas que silenciaram para sempre os gritos do herói argentino e com os chicotes e fel que culminaram com a morte do salvador; Ser juiz penal é entender da grande importância de seus julgados, é entender que destes podem criarem-se cidadãos bem como monstros; Ser juiz penal e, sobretudo ser juiz é enxergar o homem como “homo-sapiens” que é, é não enxergar as partes da lide como “homo-economicus”, é ser íntegro em suas valorações; Ser juiz penal é ser humano, ser - humano que sois e não máquinas, rememorando o inesquecível Charles Chaplin; Ser juiz penal é nunca esquecer que embora acusados de crimes quem está sob a tutela judicial são seres humanos, seres da nossa espécie; Ser juiz penal é não ignorar os versos de Brecht e se importar com os outros, pois senão um dia não se importarão de maneira que seja em nós mesmos. O Poeta do Deserto
Enviado por O Poeta do Deserto em 08/03/2009
Alterado em 09/12/2013 Copyright © 2009. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |