Soneto Do Esperar
Já preparei nosso canto, pendurei na parede os versos que nos remetem ao nosso mais sublime recíproco encanto, alí és presente, eu te encontro, é o meu necessário e singular acalanto, cama que anseia o calor dos nossos corpos sem prantos, luar beijando as telhas, coruja que alardeia, pés de jabuticabeiras, ao fundo descansam serenas e passivas roseiras, livros que na estante permeiam, esquecidos de me lecionarem como agir com o que dentro me incendeia, queimando tal qual a lareira que insistentemente centelha, em frente a algumas solitárias cadeiras, companheiras solidárias, tal qual o cão que no alpendre passeia, a espreita de mais um alvorecer que não falha em se anunciar, acordando os curiós que se bronzeiam, divididos com um cantar que se assemelha, à nossa mais linda melodia que o tempo ainda não tragou, tua foto em um porta retrato na cabeceira, o brilho dos teus olhos é o que me norteia, a esperança do teu cheiro nos lençois aflitos que apenas almejam teu corpo desnudo a neles definitivamente descansar, te aguardo em nosso canto, com os pés na areia, poldando belas orquídeas que formoseam, o jardim esguio erguido tão só para te agradar, exatamente como outrora prometido e da mesma forma conforme, meu grande amor, eu te espero, se não surgires me conformarei com os versos longos, pendurados na parede, necessário e derradeiro acalanto, alí sempre fostes presente eu não a perco, e incondicionalmente eu te encontro, nos balbuciares grafados, impressos, incertos, de nosso mais que dolorido desencontro. O Poeta do Deserto
Enviado por O Poeta do Deserto em 19/11/2010
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